Vivendo em uma época em que existe tanta cobrançaspara o sucesso e aceitação nos meios sociais, onde
os mais produtivos são premiados e onde fraquezas e fracassos não encontram
espaço na vida de muitos, o que vemos é a construção de um cenário que nos
revela que algo pode não estar indo tão bem!!
Estudiosos do
comportamento humano afirmam que 1
a cada 10 usuários de internet no mundo é menor de 18
anos. Isso não seria um problema se não fosse constatado também que mais de 11
milhões de pessoas - o equivalente a cerca de 6% dos 200 milhões de internautas
do mundo todo - são viciadas em Internet.
Segundo um outro estudo
produzido por estudiosos da Universidade de Nottingham Trent (Inglaterra) a
maioria dos viciados em internet usa os programas de bate-papo e vida virtual
para representar papéis de personalidades que gostariam de ter. Segundo os
pesquisadores, as pessoas encontram na Internet um meio de esquecer de problemas
pessoais e fugir da vida real.
Mas afinal, o que isso tem haver conosco? Bom, é dentro deste contexto
que encontramos os adolescentes que por vezes vivenciam crises, marcadas por
descargas hormonais, alterações no corpo, mudanças nas capacidades cognitivas,
necessidade de socialização, necessidade de independência e conflito com os
pais, mudança no comportamento sexual, mudança de valores. Esta fase, que é a preparação
para a vida adulta, é a fase onde muitos buscam formar sua identidade,
apoiando-se nas coisas que já aprenderam com suas famílias e amigos, obrigando-os
a questionar tudo a sua volta. Diante de um contexto social em que precisam
mostrar tantos resultados e resistir a tantas pressões, somados as mudanças
naturais da fase em que vivem, a internet parece ser uma boa saída.
Twiter, Facebook, Blogs, Second Life, tudo se encaixa perfeitamente na
rotina de quem quer escapar da pressão, da solidão, da avaliação dos amigos de
um grupo de pessoas reais da vida real. A vida virtual fica atrativa e com isso,
horas a fio começam a ser gastas na frente de um monitor, onde aos poucos uma
vida começa a se misturar com a outra.
A verdade é que vemos que
o nosso mundo atual parece preferir a cópia ao real, ou os “simulacros”, ou
seja, tudo que se apresenta a nós como sendo semelhante a algo real e que as
vezes pode, parecer mais real do que a própria realidade. Daí a idéia de
“hiper-relidade’, onde a realidade criada começa ser mais real e melhor do que
realidade. Posso ser que eu quiser fazer o que quiser mostrar as fotos que acho
que estou melhor. Enfim, posso ter o controle de toda uma vida que parece sair
do controle quando é real.
Assim, a vida virtual que
pode trazer benefícios para muitos, pode prejudicar outros. Quem ainda consegue
conversar sobre as características da vida real que deixa de fora da vida
virtual, mostra que ainda sabe separar as “vidas”. No entanto, aqueles que
estão chegando ao ponto de falsos e secretos perfis virtuais, ou de vidas
paralelas, que tomam tempo demais, ao ponto de não terem mais com quem conversar,
ou sobre o que falar, devem ficar atentos, pois o preço a ser pago mais tarde
pela solidão pode ser muito cara.
Mesmo diante desta
sociedade enlouquecida, o que contará nos momentos de dificuldade ou de
conquista, são as pessoas reais que teremos ao nosso lado para compartilhar
nossa história.